20 de abr. de 2009

Alimento da metade do mundo

Os campos de arroz estão espalhados por toda Bali. Não consigo imaginar o que seria da ilha e de sua cultura sem esses maravilhosos arrozais verdes e dourados. Foto: Edu Green

Acabo de receber um email do GreenPeace alertando para o risco iminente que o arroz, o mais tradicional dos alimentos, está sofrendo. A gigante indústria química alemã Bayer criou um grão geneticamente modificado que contém altas doses de um pesticida super tóxico que vai por a nossa saúde, nossa agricultura e a biodiversidade em risco.
Em breve, a União Européia vai decidir se o arroz da Bayer pode ir para o prato do europeu ou não. E as consequências serão mundiais. Se a medida for aprovada, fazendeiros dos Estados Unidos e de outros lugares do planeta logo logo vão começar plantar o grão manipulado.
O arroz é comida do dia-a-dia para a metade da população mundial e é cultivado a mais de 10 mil anos em 113 países. Para milhões de pessoas, o arroz não é apenas um alimento, é um modo de vida.

ASSINE A PETIÇÃO AQUI! NÃO TEMOS MUITO TEMPO!!!

Leia a notícia na íntegra, em inglês

13 de abr. de 2009

01 árvore

Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração? Pela direção que o mundo está tomando, eu vou viver pagando o ar de meu pulmão.*

O olho encontra a seta e o entendimento é automático: uma só direção. Opa, mas tem algo estranho nessa ai! É brincadeira de Rigo 23, artista de San Francisco famoso pelos pelas mensagens irônicas em monumentais outdoors que imitam símbolos familiares. No lugar do autoritário ONE WAY, um chamado para a frágil e sobrevivente árvore em plena entrada para Highway 101, na esquina da Bryan Street com a 10th. Asfalto, velocidade e barulho pra todos os lados.
A inspiração da obra veio depois que ele escolheu a locação. No início, o pequeno eucalipto foi um obstáculo para Rigo trabalhar a parede, mas finalmente ele percebeu que a idéia era um retrocesso. Ao invés de promoverem uma única direção, as árvores são formas de vida que diversificam os caminhos, inclusive para baixo da terra e para cima da copa! Nasceu One Tree, uma das obras mais conhecida de Rigo.
Ele tem uma porção de outras espalhadas pela cidade. Mas é da prefeitura (e que qualquer ponto do Civic Center), que se consegue ver "Truth", a Verdade. Viu?



* versos da canção "Será", de Siba e a Fuloresta



2 de abr. de 2009

Se o sapato não servir, plante-o!

A Alamo Square é uma praça no alto de um dos tantos morros de San Francisco. O visual do hoizonte é lindo, com vista para a baía e prédios famosos, o bairro é patrimônio histórico com casario vitoriano super bem conservado. Mas a melhor surpresa da Alamo Square está bem no coração da praça, escondida de olhares fugazes e longínquos: o jardim de sapatos, um jardim que faz as pessoas rirem pelo inusitado, pela sensibilidade e beleza.


Mini rosas plantadas dentro dos sapatos vermelhos de bebê, cebola e salsinha em bota de cowboy, suculentas em tênis, patins com tulipas, salto alto e margaridas. Coisas que, um dia, pertenceram aos vizinhos do Alamo District, “gay, preto, branco, donos de cachorros, quem quer que seja”, diz David Clifton, o responsável pela alegria de turistas e moradores. Ele é o jardineiro da praça e também se encarrega de recolher o lixo, onde encontra sapatos - e Clifton detesta jogá-los fora. Começou a usá-los para proteger as plantas da cachorrada. Daí, mais e mais sapatos começaram a aparecer na porta da sua oficina. E assim nasceu um jardim que é a cara da vizinhança.

Vez ou outra, some um par aqui, outro ali; depois novos aparecem. Para lidar numa boa com a natureza humana, só tendo mesmo um sentimento e olhar sinceros sobre vida urbana e tolerância. E ele os tem.

O jardim de sapatos é popular no bairro. Moradores trazem visitantes, as crianças correm pra lá e pra cá, as pessoas descansam nos bancos feitos de tora caídas, as risadas preenchem a praça. É curioso ver que as pessoas respondem a um tipo de beleza que normalmente a gente não chama exatamente de belo. O jardim de sapatos é o lugar onde o belo está justamente em dar dignidade a essas coisas que a gente chama de velho e joga fora.